Pode cortar a dominação de Tchynna Turner
Antes de qualquer coisa eu quero dizer que estou adorando essa polêmica com a Tchynna. Enquanto vocês acham que sou eu postando, eu estava esse tempo todo coçando a minha perereca assistindo toda a filmografia do Filmes Online Grátis. De Um Lugar Chamado Nothing Hill até Invocação do Demônio.
Mas fiquei com pena da Tchynna trabalhando sozinha esse tempo todo, e por isso resolvi postar. Então vamos ao tema.
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Eu estava lendo um artigo da Judith Butler semana passada – uma sapa feministona poderosíssima como a espada de um samurai -, chama-se Regulações de Gênero (você pode baixar clicando AQUI) e lá ela fala sobre as diferenças entre homens e mulheres e como essas diferenças determinam os comportamentos de gênero.
Ela dá na nossa cara e diz claramente que o sexo heterossexual é uma relação de dominação que reflete os papeis de gênero da sociedade.
Diz também que o único gênero que existe é o masculino, sendo o gênero feminino a representação da falta das características do homem, ou seja, enquanto o masculino é representado pela força, vitalidade, proatividade, inteligência superior, agilidade e destreza, o feminino representa a fraqueza, delicadeza, apatia, mediocridade, minúcia e principalmente a dependência.
Meu papel de gênero
Mas o que isso tem a ver com os viados?
Tem tudo a ver quando a gente pensa na relação homossexual copiar os papeis de gênero. Lógico, ninguém nos ensinou a ser gays, então o que a gente entende por relacionamento nada mais é que uma tentativa de repetição do relacionamento heterossexual.
Com raras exceções, e não necessariamente ligado a ser afeminado ou masculinizado, os papeis de ativo, passivo e até mesmo dos versáteis acabam por resvalar em comportamentos vistos na relação heterossexual: Desde o sexo até as relações do dia a dia, o ativo e o passivo (e os versáteis dependendo da sua posição sexual no momento) copiam os papeis de “homem e mulher” conhecidos.
E por que isso acontece?
Judith vai dizer pra gente que isso acontece porque o gênero ainda está entrelaçado com a sexualidade, ou seja, a maneira que você se comporta na cama diz muito sobre como você se comporta na relação com o outro, e sempre vai existir uma relação de subordinação, não há igualdade nem mesmo entre os versáteis, nos quais um dos parceiros se comportará mais passivo que o outro, psicologicamente.
Isso explica porque os homens héteros têm tanto medo de dar o cu (mesmo pra esposa usando cinta-caralha), pois isso descaracteriza o seu gênero.
Porém isso não está ligado a ser homem/mulher ativo/passivo, a dicotomia existe mesmo quando a parte passiva é quem come, compreendem? Por mais que a gente tente subverter a norma não dá pra fugir da separação de gênero, um dos parceiros sempre vai cair num dos papeis já conhecidos.
Um gif de homem gostoso aleatório pra vocês descansarem o cérebro desse texto científico
E isso é corriqueiro, acontece sem a gente perceber e pode mudar dependendo de quem você se relaciona, mas ele nunca estará ausente, porque essa é a norma, não é um modelo.
Segundo o texto:
“Se gênero é uma norma, não é o mesmo que um modelo ao qual os indivíduos buscam aproximar-se. Ao contrário, é uma forma de poder social que produz o campo inteligente dos sujeitos (o que os torna gente, indivíduo inserido numa sociedade) e um aparato mediante ao qual se instituem os binários de gênero”
Como tudo isso existe há muito tempo, mas ninguém sabe de onde veio, deduz-se que é natural, as coisas são e sempre foram assim: ERRADO.
Essa é uma das grandes armadilhas da heteronormatividade.
Mulhé vestida con rôpa de hôme
O pior é que é praticamente impossível de se desvencilhar desses papeis de gênero, porque quando você inverte você apenas espelha pro outro lado, e se você se mantém entre os dois, torna-se abjeto, excluído, não consegue nem arrumar um parceiro.
De algum modo o controle nos cerca de todos os lados, e a única saída, pelo menos por enquanto, é a quebra dessa divisão marcada entre passivo e ativo.
Calma! Não tô falando que a senhora não pode só dar ou só comer (porque eu não vou comer alguém tão cedo hahaha), mas que aos poucos a gente pare de copiar os héteros, pelo menos nas nossas relações.
Eu parar de dar, Max? hahahah
Nada de separar quem é a cabeça da relação, ou quem é mais sensato, ou o mais delicado emocionalmente, ambos devem tentar ser um pouquinho de tudo, porque assim a relação se equilibra e a gente pode futuramente, quem sabe, se livrar dessa dicotomia de comportamento.
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O que vocês sentem sobre isso? Percebem que nos seus relacionamentos existia uma diferença marcante de papel entre você e seu namoradinho?
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