Todos os fogos o fogo


Por Aloe Vera

Eu ainda me estranhava com o Rio — e a cidade comigo — quando conheci ele. O cabelo um pouco ralo, acima da testa, o rosto bonito, uma risada meio asmática. Tinha acabado de ser cuspido pelo fogo. Carregava a pele, em grandes porções, em luvas e compressas que, nunca soube como, deviam cozinhá-lo ainda mais naquele calor esquisito em pleno agosto. Me disse seu nome, desconfiei que era falso.

Veio me contar, dois encontros depois, que não se chamava assim, mas nem se deu o trabalho de me apresentar as digitais e assinaturas de sua identidade. Não que se fosse necessário. Ele — e tão somente o chamarei dessa forma — havia me perguntado, no dia anterior, se me incomodava com a pele retorcida e a marca de uma traqueoscopia, amarela e pálida, que se escondia sobre a blusa xadrez verde escura e seus botões — todos eles — aninhados.

Eu, na caligrafia do meu corpo, também tenho os meus garranchos. Sob a minha pele se escrevem diversas cicatrizes, algumas estrias, as veias se erguem — esverdeadas como a sua blusa — nas articulações em que ela se estende ainda mais esbranquiçada. Olho meu corpo, nu, em frente ao espelho e observo todas as minhas marcas. Ele, no reflexo, vê todos os fogos. A pele é quente, úmida, irritadiça como um temporal que marca as tardes abafada de verão.

Os verões que se estenderam por nós, se fizeram entre alguns beijos tímidos e uma cama velha, que rangia bastante, naquele apartamento apertado que o dinheiro me permitia alugar em Copacabana. Era num prédio de má fama, como os nossos corpos que não são dessas pessoas que, como lagartos, exibem os dorsos ao sol de Ipanema. São corpos comuns, papéis esquecidos dentro de uma gaveta, mapas antigos em que se inscrevem as fronteiras de países que já nem existem mais.

Todo corpo tem a sua cartografia, posta à prova pela ponta dos dedos, a superfície da pele, a aspereza da língua. A carne levanta-se e se dilui em certo ponto ou outro, enche-se e esvazia, num exercício topográfico que levanta, sob os ossos, um jardim suspenso de prazeres e tesouros desconhecidos prontos a serem descobertos entre lençóis e mordidas. Algumas barrigas erguem-se como vulcões extintos, as pernas esparramam-se como grossos pântanos. Em outro, comprime-se as cláviculas e navega-se sobre fundas depressões em que se deposita saliva e desejo.

Em vão vamos tentando redesenhar nossos mapas, descolar nossos tesouros de certas partes para esculpi-los como totens, carrancas, em músculos que precisam ser exatamente construídos como os livros de anatomia. Aos poucos, vamos descobrindo que todos os esforços são desnecessários. Nossos corpos são inúteis, vagabundos. Tem estrias, queimaduras, celulite, a pele ora é macia e ora áspera. Craveja-se de pontos pretos, de machucados, de arranhões.

A felicidade não consiste no corpo impossível, mas no que se faz possível a nossa frente. Naquele se dispõe a abraços, amassos, fluidos, encontros e dispersões. Todos nós fomos mastigados, cuspidos, escarrados pelo fogo.

Até sobrar só as cinzas.

Aloe Vera é correspondente internacional do Babado Certo no Rio de Janeiro.  Escreve sobre a cidade (que só tem viado), as distâncias de Vitória e as dores e delícias de encontrar Renata Sorrah na fila do cinema. Entre em contato com ela por meio de mesa branca, baralho cigano ou do e-mail a.loevera@outlook.com.

Sushi no Leblon


 

 

 

 

 

 

 

 

 

Observando a vida amorosa no Rio de Janeiro, cunhei a expressão “paradoxo do sushi do Leblon”.

1. Você conhece alguém e logo vem o convite para sair. Embora haja variações, o programa padrão é geralmente “um sushi no Leblon”;

2. Quando a pessoa te chama para comer “sushi” no abastado bairro do “Leblon”, você já pensa nas seguintes possibilidades: a) é rica; b) se não for, está pré-disposta a gastar com você”;

3. Só que você é pobre: não tem dinheiro nem para o ônibus, muito menos para pegar um táxi para o Leblon;

4. Leblon não tem metrô, logo você não consegue se assumir como COSMOPOLITA e justificar o porquê de estar chegando em um encontro neste charmoso meio de transporte;

5. Agravante: não só pobre, mas como eu, com paladar de pobre. Você detesta comida japonesa;

6. Você repensa sua vida e pensa se não é melhor morar em Nova Iguaçu;

7. Você pega um BRS para chegar no Leblon, manifestado pelo medo de ter que rachar a conta e seu cartão dar “não autorizada”;

8. Chama para ir na Praça São Salvador, para um programa alternativo. Sem sucesso;

9. Você vai. Segura a ânsia de vômito na hora de comer o sushi, desce dois pontos antes para pegar um táxi e não chegar tão por baixo, evita pedir bebida para a conta não ficar cara;

10. Chega a conta. A pessoa não se mexe. Passa um filme na sua cabeça. Você abre a conta. Pensa em quantos pratos vai ter que lavar por aquele sushi.

11. Você, ainda assim, resolve investir. Paga a conta. Chama a pessoa para um momento mais íntimo. Dá aquela espreguiçada e abraça a pessoa;

12. A pessoa desvia. Diz que a noite foi ótima. Que ela já está indo, mas que gostaria de te ver de novo. Nota: “vamos nos ver de novo” significa “nunca mais, meu amor”.

13. Já passou de meia noite. Você tem que pegar um táxi.

14. O motorista aceita o cartão. Mas dá não autorizada assim que você chega em casa.

15. Você diz que tem dinheiro lá em cima. Sobe. E NUNCA MAIS DESCE NA SUA VIDA.

16. Você passa quinze dias sem pegar táxi para não correr riscos.

17. Mesmo nessa maré de azar, aparece uma pessoa maravilhosa na sua vida. Ela vai e te chama para um sushi no Leblon.

18. Volte para a fase 1.

Aloe Vera é correspondente internacional do Babado Certo no Rio de Janeiro.  Escreve sobre a cidade (que só tem viado), as distâncias de Vitória e as dores e delícias de encontrar Renata Sorrah na fila do cinema. Entre em contato com ela por meio de mesa branca, baralho cigano ou do e-mail a.loevera@outlook.com.

O primeiro encontro


A pessoa que inventou o Tinder com certeza consegue comprar Rivotril sem receita, porque chega uma época da vida em que a gente perde a mão nesse tal de “primeiro encontro”.

Sofreríamos, todos, de polidctilia se fôssemos contar as vezes em que a gente tentou em vão controlar a ansiedade e não parecer à beira de um ataque de nervos ao encontrar a pessoa num botequim qualquer em Botafogo.

O cérebro já sabe da cilada e sabota a gente.
Mas é para o nosso bem, eu creio.

A gente troca meia dúzia de palavras meio atravessadas e decide que não só o silêncio precisa ser constrangedor, mas tudo em si deve ser instrumento de nossa vergonha.

Invariavelmente todos os nossos segredos mais íntimos, as conjugações incorretas de todos os verbos, algumas pedras nos rins vêm à tona exatamente no momento em que seria perfeito ficar calado e apenas acenar para o garçom trazer a conta.

A gente idealiza tanto esse momento que algumas pessoas até questionam, no campo da ética, se é de bom tom dar ou não no primeiro encontro.

Gente, faça-me o favor, eu nem sei se vou sobreviver ao primeiro encontro.

Esses dias eu tive mais um deles e deixei meu cardiologista ciente que eu poderia ter um pequeno AVC nas próximas horas.

Botequins lotados, sessões de cinema esgotadas, a incapacidade humana de se jantar num restaurante sem reserva, os meteoros que insistem em não cair para aniquilar a humanidade quando se é mais preciso.

É nesse momento que você entrega tudo na mão de Deus e decide fazer um programa caseiro com aquele ser humano que você acabou de conhecer e, mesmo não acreditando em uma força maior que rege o universo, não vê mal em abaixar a cabeça e fazer uma pequena oração para que na manhã seguinte você não acorde numa banheira cheia de gelo e num corpo vazio de pâncreas.

A gente se esbarra no sofá.
Sabe, ele até que é legal.

A grana é curta e não dá pro telecine.
Deixa pra lá, SBT nunca me deixou na mão.

Casablanca. Dublado. Quase no fim.
Ele diz: “a gente podia pedir uma pizza”.

Calabresa. Com cebola.
“Posso tirar o sapato?”

Às vezes as coisas dão certo e a gente não vê.
Velhos conhecidos de uma noite só.

A gente engrenou uma conversa meio boba, duns livros que a gente leu em comum.

Deu certo, mas perdemos o fim do filme.
Não lembro ao certo como era, mas terminava meio assim:

– But what about us?
– We’ll always have… pizza.

Aloe Vera é correspondente internacional do Babado Certo no Rio de Janeiro.  Escreve sobre a cidade (que só tem viado), as distâncias de Vitória e as dores e delícias de encontrar Renata Sorrah na fila do cinema. Entre em contato com ela por meio de mesa branca, baralho cigano ou do e-mail a.loevera@outlook.com.

III Seminário Nacional “Educação, Diversidade Sexual e Direitos Humanos”


BORA ESTUDAR, PIRANHAS!

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Serão liberados certificados de participação e disporão vagas de monitoria para as mais abusadas que gostam de guiar os boys pro banheirão, OPS! Guiar as PESSOAS para as salas de conferência. Aproveita que a senhora já tá na lista de jubilação por ter feito aquele ménage a troi na Biblioteca Central e corra atrás do prejuízo.

Êta! Êta, êta, êta. É a lua, é o sol é a luz de Tieta.


Há alguns dias cheguei no pequeno aeroporto que rodeia Vitória, com meu derrière maculado por uma hora e vinte minutos de viagem num avião apertadíssimo com a calça de suplex que utilizo nas aulas de lambaeróbica. Claro, minhas madeixas estavam cobertas por um belíssimo véu de seda colhida por famintas crianças laosianas, mostrando que não importa qual o seu grau de escolaridade ou quanta grana você tem no banco: no fim das contas, qualquer pessoa que sai de uma cidade pequena para uma grande metrópole sofrerá da síndrome de Tieta.

Para quem não sabe, a síndrome de Tieta acomete todo mundo que não se comportava o suficiente para ser bem falada em sua cidadela e que, na metrópole, passa a girar mais Pião do Baú nas tardes dominicais do SBT. Em suma, essa síndrome atinge todos aqueles que percebem que no meio de onze milhões de habitantes, tem homem o suficiente para você fazer a Joyce Pascowitch e não repetir no dia a dia.

Disfarçando minha devassidão para essa cidade que sempre quer saber com quem você se deita, cheguei lembrando dos meus dias ensolarados em que me olhava no espelho e estava vestido à imagem e à semelhança de Taylor Swift. Uma das coisas que mais me tem incomodado, como Tieta recém-chegada para o carnaval, foi um casal de amigos tendo que se esconder para dar um beijo, desses beijos quaisquer, no meio do carnaval.

Foi aí a deixa para deixar de lado o meu véu costurado por velhas caolhas cujos cabelos brancos brandam com os ventos das planícies vietnamitas: se existe, no fundo, um efeito colateral da síndrome de Tieta este é o de destruir todo o conservadorismo e o moralismo que se escondem pelas caras feias e as palavras sem sentido desse estado que te obriga a engolir sua santidade até no nome. No entanto, por mais que eu pesasse a mão e fizesse a cabeça dos meninos, nada aconteceu. Pois é, Tieta, “tem que se esconder no escuro que na luz se banha”.

Pouco depois, o puxador do bloco anuncia em cima do trio que um menino tinha apanhado de um valentão pelo simples e único motivo de ser gay. E aí seguiram-se as repreensões, os bons-mocismos, as pessoas vaiando a opressão por um segundo. Lindo, não? Não. Aprendi a ser Tieta e, como Tieta, quero ser muito mais do que demonstrações pontuais e instantâneas de um apoio que se esconde nos sorrisinhos bestas dessa terra onde a dor é grande a ambição pequena.

Tieta, grande inspiração para minha vidinha. Afinal, sair de uma cidade pacata e hipócrita eu sei bem como é. Voltar para ela, amadurecido e cheio de ideias, eu também sei. 

Tieta, emulando a Kátia Cega, mostrando como não está sendo fácil.

Chega de fingir, de mentir, né, gente. A gente sabe que quem mais goza e pena é que serve de farol para ver se ilumina um pouco esse arquipélago à beira-mar. Enquanto aqueles dois meninos, meus amigos, precisarem se esconder para dar um mísero beijo, sua vaia, seu apoio, sua mísera comiseração não me serve. E nem desce pela minha goela. Meu amor, já vivi de tantas migalhas nessa cidade que hoje, como Tieta, não quero meus farelos. Quero muito mais.

Aprender a ser Tieta não é fácil. Mas é preciso. Eu, que sempre me dei bastante a timidez, deixei as bochechas vermelhas e os olhares de repreensão no primeiro farol, no primeiro cruzamento que encontrei pela minha frente. Não pensei duas vezes quando vi aquele menino bonito numa estação do metrô, perdido, olhando e sorrindo pra mim. Podia ter feito tudo, ter esperado. Reencontra no outro dia. Esperar a próxima vez.

Acontece que quando você está cercado de onze milhões de pessoas, não existe a opção do reencontro fortuito. Talvez, seja essa a maldição que paire sobre essa ilha. A dança silenciosa, esquecida pela poeira e o mormaço, dos pequenos esbarrões que se tem com o objeto de desejo pela cidade pequena. Foi ali, no metrô, que virei Tieta. Encostei no ombro do menino e falei: “você tem uma estação para me dar seu whatsapp e descobrir que sou o grande amor da sua vida”.

Ele é meu homem e eu sou sua mulher.

E assim se seguiu uma tarde nada produtiva no trabalho, com milhares de mensagens trocadas com o menino. Vieram as tardes produtivas na feirinha gastronômica, andando de mãos dadas, tomando os picolés e dando beijos à luz do dia, sem os olhares e sem os pudores das senhorinhas irascíveis que frequentam padarias que chamam afetadamente de boulangerie.

Talvez, alguns de vocês protestarão sobre a facilidade de percorrer esses caminhos quando todos já estão abertos. Não deixo de me gabar de como São Paulo tem sido doce e de como cada vez mais as lâmpadas tem se tornado apenas uns instrumento de iluminação e perdendo a sua aplicação prática de rachar algum cocoruto desavisado na Rua Augusta.

Creiam, amigos, que não é fácil. Também não vai ser nem um pouco fácil abrir picadas e caminhos por essa Santana do Agreste perdida entre o esquecimento e o minério de ferro. Ninguém disse que a vida é fácil. Mas, meu amor, existe alguém em nós, em muito dentre nós esse alguém que brilha mais do que milhões de sóis. É preciso brilhar, ser o próprio sol, existir a luz do dia. A escuridão só tem fim quando a gente constrói a própria aurora.

E, bem, o menino do metrô me deu um perdido. Reapareceu dias depois, sentado na porta da minha casa, depois de uma pequena discussão pelo celular, com um sorriso no canto da boca: “já não tem mais metrô, vou ter que ficar aqui”.

E ficou :).

(Ele, ainda, me deixou com uma marca roxa no pescoço por uma semana. Disse que era pra eu aprender a ser menos arredio e que agora, não tinha jeito, era dele. Dias depois, vi ele pegando um outro alguém naqueles bares ali perto da USP, na porta de casa. Meu amor, Tieta veio, baixou e fui lá alertar o outro menino, mostrando o chupão no pescoço: “cuidado, amigo, que isso aí não tá vacinado não”. Pois é, a vida tem sido boa, mas nada fácil pra Tieta).

FW: FW: FW: EMOCIONANTE O que aprendi fazendo bolos.ppt


Acabo de cortar meu dedo com uma pequena faca enquanto tentava fazer um bolo.

Não que seja de extrema necessidade ou relevância compartilhar toda essa informação. Acontece que a vida é feita de tanta coisa pequena. Na verdade, às vezes vem a certeza de que a vida é simples como fazer um bolo. A vida é cheia dessas grandes questões de química, de se escolher os ovos frescos, a manteiga, todos os gostos, recheios e coberturas açucaradas.

E, às vezes, a gente vai lá, tropeça e sola toda a vida. Toda a mistura, as colheres exatas, os gramas contados de farinha – peneirada para não ficar numa pedra -, tudo se amontoa devagarinho no tabuleiro pra gente, com pressa, ir lá e estragar tudo de repente. Ansiedade, né. Hoje, mais cedo, solei meu primeiro bolo de fubá.

Aprendam, nunca me abram o forno antes dos primeiros vinte minutos. As coisas podem e vão dar muito errado. Eu deveria ter dado aos meus bolos toda a calma que ando dando pra minha vida. Há um mês que não apareço mais aqui. Há, também, um mês exato que mudei de cidade e que tenho me desesperado ao esquecer uma meia dentro da roupa suja. Por isso, tive toda a calma do mundo em escrever esse texto.

E tive toda a calma do mundo para voltar aqui.

Pisei em Vitória, de volta, no meio do carnaval. Completamente perdido, esquecido das linhas de ônibus e do nome das praias. Escrevo, aliás, da cozinha em que frequento desde pequeno e que me fez crescer entre o pó royal e fermento biológico que se esconde nos cantos mais profundos dos azulejos. Agora, com o dedo enfaixado e com o segundo bolo no forno, posso sentar e me dedicar à pilha de livros, de texto para passar a limpo e ao blogue.

Não, não que tenha exatamente voltado. Até porque minha antiga máscara está bem guardada, pois enfim é quarta-feira de cinzas e é hora de deixar pra lá tudo o que em si é falso ou que não nos pertence mais. Falo, agora, com a própria voz. E, assim, continuarei. Então, deixemos a Tchynna de lado. Ainda não lhes darei meu nome, assim, com facilidade.

Claro, se pudesse escolher meu nome, escolheria funcho. É, erva-doce. É com ela que se faz um bolo de fubá, daqueles fofos, com um pouco de goiabada no meio. Pois é, eu sei, fiquei perdido na década de 1970. Tô até hoje esperando voltarem com a embalagem de celofane do Alô Doçura. Enquanto não voltam, eu fico aqui com vocês. Na espera.

Gif motivacional de blogueira virtuosa fazendo um desabafo pessoal para suas alvoroçadas leitoras que bebem leite de amêndoas

Um beijo enorme,
Aloe Vera.

O beijo que pesa como uma bomba


Beijo Felix

Parecia final de Copa do Mundo, Brasil e Argentina. As bichas todas reunidas em volta da televisão, tomando uma cervejinha e comendo uns quitutes. Toda vez que o Félix e o Niko ficavam um pouquinho mais juntos todo mundo gritava ao mesmo tempo, uma loucura: “AI, MEU DEUS, AGORA VAI!” “VAI, VAI, VAI!”, “BEIJA LOGO, GARÁLEON!”. Um nervosismo…

[Afinal era o final da novela Amor à Vida e pela primeira vez a emissora de TV mais popular e tradicional do país, a Globo, havia dado sinais de um possível beijo entre dois homens em uma de suas novelas – verdadeiros monumentos da cultura de massa nacional – o que até então era um tabu (em 2005, na novela América, um beijo gay chegou a ser gravado, mas foi vetado de última hora). Ou seja, bizarramente, era um momento histórico na televisão do Brasil, desses de contar pro netos, “eu tava lá”, quando reexibido na retrospectiva de 2050].

Ai foram todas aquelas cenas de final de novela, gente casando, gente parindo, gente reunida e festejando… As gueis ansiosas, viravam especialistas em teledramaturgia e ficavam comentando os furos no enredo, como o naquela cena bizarra dos comparsas da Aline entrando com um bolo (um bolo, gente!!!) INTEIRO, ENORME, dentro do presídio! rs. Todos ficaram chocados (desculpa pelo trocadinho infame) e amaram a morte da vilã. Foi inédita e inovadora. Depois veio aquele monte de cena de perdão ao Félix. No fim das contas, o enredo na novela tornou-se a redenção desse personagem.

O capítulo da novela já ia para mais de duas horas, quando Félix e Niko, na sua casa de praia riquíssima – onde moram com seus filhos e com o Cesar, pai do ex-vilão -, ficaram sozinhos… Aquela tensão já tomou toda a sala, ficamos todos em silêncio, mãozinhas dadas, vidrados na telinha. Os dois se aproximaram e o personagem do Thiago Fragoso passou os bracinhos em torno do pescoço do personagem do Mateus Solano. Já pensei: se for para ser vai ser agora. Um misto de esperança e de ódio me consumiu, pois se com aquela ação eles ainda não se beijassem seria muita filhadaputice da Globo.

Os dois se entreolharem, cada um com a cabecinha levemente virada para o lado e Félix disse emocionado: “Eu não vivo sem você, Carneirinho”. Daí eles foram se aproximando e…

*BOOM*

*BOOM*

Os viados ficaram loucos. Gritavam, pulavam, soltaram fogos. Todo mundo saiu na varanda ensandecida fazendo barulho comemorando a grande vitória. PUTA QUE PARIU!!!!! Filmei nossa reação quando houve o beijo, cata, mona:

Como esperado, o beijo caiu como uma bomba no país. As redes sociais foram tomadas de reações a cena. Muitas positivas e lindas! O dia 01 de fevereiro acabou virando o Dia Nacional do Beijo Gay. Uma onda de amor tomou o país! ❤ Pessoas se abraçando, dando beijaços, compartilhando mensagens de respeito e defesa a homoafetividade. Muitos perfis do face foram trocados pelo frame da cena do beijo. Foi coisa linda de se ver.

No outro dia TODOS os reacionários nacionais e locais estavam aos jornais esbravejando, ameaçando (alguém me explica porque quando o tema é gay NECESSARIAMENTE a fonte ouvida é um religioso cristão?). Quanto mais eles ficavam nervosos mais as gays gozavam de amor e alegria:

Um dos melhores tuítes, aos reacionários foi este:

E claro, teve autor de novela que ficou queimadíssimo. Lembram disso:

Aguinaldo Silva Sobre Beijo Gay

“Tá feio, tá eshcroto”

É aquilo, né, quem nasceu para Clô, nunca vai ser Félix. Beijos, Gui!

Enfim, algumas considerações sobre o beijo:

  1. Foi tardio: o fatídico beijo-gay-na-novela-da-Globo veio super tarde. Tão tarde, mas tão tarde que nem soou mais como algo revolucionário, moderno, etc. Não havia nada de avant-garde nele. Soou mais como uma corrida atrás de um tempo perdido, a emissora perdeu o timming da mudança de costumes na sociedade e transformou a coisa em algo muito maior do que precisava ser. Mas, antes tarde que nunca, né?
  2. Foi elegante: a Globo cumpriu o que prometeu. Querendo agradar gregos e troianos, a cena foi exatamente como anunciada, não foi apenas um selinho chocho, mas também não foi um beijão de língua ultra-erótico. Ficou uma cena de bom gosto que não fez ruir a tradicional família brasileira.
  3. Foi político: é ingênuo acreditar que não há articulação entre política, afeto e cultura de massa. Os discursos estão aí circulando e modificando a sociedade. Cenas como essa vão naturalizando as relações LGBTs e, se não aprovadas, pelo menos estimulam o respeito às diferenças.

O mais lindo foi que logo após o beijo veio aquela cena lindíssima do Félix e do César, observando o pôr do sol, ambos se perdoando. Foi lindo pois lembrou a todos – logo depois do beijo – que o gay tem uma família e que muitas vezes ela é, antes mesmo da sociedade, seu próprio inferno particular. Acabou que essa cena foi mais importante e emocionante que o próprio beijo e deu a sustentação afetiva para a cena anterior.

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Foi um final de novela lindo como a muito tempo não se via. É inegável que a cena só ficou tão perfeita e emocionante (quem não chorou tem uma pedra no lugar do coração) graças ao talento, experiência e sensibilidade de um Mateus Solano e de um Antônio Fagundes. Para vocês entenderem o peso que a cena teve leia esse relato de um gay a uma colunista do IG (um dos vários que surgiram na rede):

“…estavam todos na sala… eu no sofá quando o Felix beijou o carneirinho… Silêncio… Fiquei quieto também pra não dar motivos, embora estivesse fazendo a drag por dentro… Mas a cena final, do Felix e do César, eu não aguentei, veio um choro descontrolado que estava preso esses quatro anos que não falamos direito.., estava total descontrole… dai veio minha mãe com a cara  inchada de chorar me abraçar e meu pai do outro lado segurou minha mão e pôs a mão em volta do meu ombro… Não falamos nada! Na hora de dormir, o Felipe (irmão) entrou no quarto, deu a mão e quando eu ia apenas apertar, ele me puxou, deu um abraço e disse que ele sempre vai ser meu irmão. E chorei de novo… Pela primeira vez não dormi no inferno” (FONTE).

Nossa, para nós blogueiros gays foi um alívio agora toda a vez que começar uma novela com personagem gay não vamos precisar ficar perguntando “será que vai ter beijo gay bla bla bla”. Nossa, tirou um peso das costas. rs

Mas a luta ainda não acabou, minha gente: queremos agora um beijo gay numa novela BOA! rs #fikadika, João Emanuel Carneiro!

Utilidade Pública: Alimentos inimigos da chuca


Lindas, JÁ CHEGA de férias, né? Estou aqui doida pra fazer novos posts, não aguento ficar longe de vocês por muito tempo.

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Então, inaugurando o ano de 2014 do Babado Certo, um post super útil sobre a alimentação de uma passiva que pretende fazer sexo sem o medo de passar cheque.

Mas por que eu quero começar o ano falando disso? Primeiro, porque 2013 foi uma merda e acho que nada mais condizente com esse ano escroto que falar sobre como se livrar dela, segundo que muitas leitoras me perguntam nos comentários como eu faço para unir uma boa alimentação com uma chuca segura que evite surpresas no sexo.

Bem, o conhecimento de chuca me foi dado por uma drag queen tibetana que fazia cosplay de Elke Maravilha no Buraco da Lacraia, no Rio de Janeiro, e consiste numa longa lista de alimentos proibidos para todas nós, quando se pretende fazer sexo anal.

Vale lembrar que é importante, para uma maior segurança, que se fique pelo menos seis horas sem se alimentar e fazer a chuca antes de sair de casa.

PRIRIIII RÂÂÂÂRTIS

PRIRIIII RÂÂÂÂRTIS

Tenho certeza que ficar esse tempinho sem encher o rabo de sanduíche do Subway não vai te trazer nenhuma anemia. Isso porque a digestão completa dura cerca de 4 a 6 horas, então, deixando esse intervalo você consegue fazer com que toda a nena chegue no final do seu sistema digestivo.

Aí você poderá tirar tudo até seu edi virar um Worm Hole capaz do pinto entrar nele no ano de 2014 e sair com um black power genital dos anos 80, numa viagem de tempo anal.

Mas antes desse pequeno jejum é muito importante que você saiba O QUE comer, pois existem alimentos maldosos, traidores, que acabam com a sua possibilidade de um edi limpo e com o ph de uma solução tampão.

Vamos aos alimentos!

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São eles:

Couve:

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O inimigo número um de toda chuca. Já ouvi várias histórias sobre a maldição que é esse alimento. Isso se dá porque ele é um vegetal cortadinho em tiras longas. Como nós somos quase carnívoros, não conseguimos digerir celulose, apenas se mastigarmos o alimento e quebrarmos com o dente essa parede da célula da couve, para aí sim nos nutrirmos com o líquido de dentro.

Só que como ela é uma tira longa você não consegue mastigar inteira e, como resultado, ela vai direto pro seu intestino, grudará na parede dele, e nem a chuca mais profunda do mundo vai conseguir tirá-la de lá. A única ferramenta capaz de tirar essa couve de lá de dentro é adivinha quem? A cabeça da neca! Exatamente!

Você vai acabar no final da noite que nem o Mister M tirando lenços do bolso, mas no seu caso uma tira enorme de couve do seu edi.

[youtube http://www.youtube.com/watch?v=l17onPgRk0g]

Milho Verde: 

milho

Pe-ri-go-sís-si-mo! Milho verde tem uma capa de celulose em cada grãozinho e, por esse motivo, é ainda mais traiçoeiro que a couve.

Se você não mastigar todos eles, vão também direto pro seu canal retal, e vão ficar escondidinhos na dobrinha interna do seu edi, como Angelina Jolie em Salt, só esperando a hora certa de te matar… DE VERGONHA!

Pare já aí, sua leguminosa maldita!

Pare já aí, seu cereal maldito!

Feijão:

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Feijão é tenso, preciso nem falar nada, né? Minha dica pra vida é que no que dia que for dar coma soja, pelo amor que você tem a sua reputação anal!

Feijão vai criar uma bomba de destruição em massa dentro do seu corpo, e essa bomba vai se prender nas paredes no seu intestino e não vai sair nem com aqueles aspiradores de pó que sugam água.

A única coisa que será capaz de explodir essa bomba é o gentil entra e sai do pinto, que servirá como um sensacional supositório liberador de gases-ninja contratados especialmente por satanás para assassinar o tesão do momento.

"Comeu feijão?", "Comi, amor", "Então tchau"

“Comeu feijão?”, “Comi, amor”, “Então tchau”

Farinha de Mandioca:

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Essa vai pras de ascendência nordestina, que adoram secar o caldo do feijão com farinha (já viu que essa mistura aqui é tipo dar um cheque em branco na mão de alguém, né? É CERTO que vão passar pra frente e o seu prejuízo vai ser enorme), não, não e não! Farinha não!

Isso vai prender tudo dentro de você, vai fazer a nena virar a bola do clipe da Miley Cyrus e quando você soltar vai sair como um tiro de bazuca que vai varar o abdômen do seu boy.

Pimenta (do reino, malagueta, rosa, dedo de moça, dedo de puta, foda-se, corra de todas):

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Claro, se você comer só um tiquinho não vai dar nada. Mas um dia eu estava na Bahia e comi uma tal de Pimenta Saci, o rótulo me avisou do que estava por vir.

Minhas filhas, eu comi, ardeu como se eu fosse a boca do inferno daquele desenho do pica-pau marinheiro:

[youtube http://www.youtube.com/watch?v=kG-jfiXNPI4]

Mas nada pior do que quando saiu, realmente, eu me senti parindo o próprio personagem do Sítio do Pica Pau Amarelo.

Se você jogasse uma peneira na minha bunda dava pra prender o saci numa garrafa de cerveja, como no seriado da tv (que vai fazer 10 anos esse ano, só pra você se foder se sentindo velha aí).

E são esses alimentos, amores. No próximo post eu vou falar de alimentos que são AMIGOS da chuca e que facilitam a limpeza de dentro pra fora, chegando ao ponto de você nem mesmo precisar fazê-la. Não é maravilhoso? Ótimo para aquela viagem pro interior na casa da sua tia que não usa chuveirinho.

p.s.: Use essas dicas só enquanto você estiver conquistando o boy. Depois que ele se apaixonar por você, foda-se, ele tem mais que te aturar do jeito que você é.

Você vai comer sim!

“Você vai me comer sim! Com cheque ou sem cheque”

Este post não é uma resenha surpresa do disco da Beyoncé


fiquei quase uma semana escrevendo e revisando esse texto, então é pra ler até o final CASO CONTRÁRIO…

Esses dias, tava bem eu dando um pouco de cachaça pro peru que andei criando aqui no meu loft pra ver, né, se o bichinho aceitava melhor a perenidade da vida de uma ave nesses dias que antecedem o natal. Dava uma dose pra ele, pegava uma dose pra mim, botei um disquinho do Roberto Carlos na vitrola pra gente curtir uma fossa juntos e, fazer o quê, acabei dormindo sem nem deixar acabar a minha música preferida.

Côncavo e convexo, não sei se falei certo

Gente, qual foi a minha surpresa que eu acordei com a calcinha na mão e to-da babada. Na verdade, eu acho que eu estava um pouco umidificada demais, pois percebi que minha vaginoplastia tinha virado um afluente do Rio Jucu. Me desculpa, não queria causar esse transtorno na Grande Vitória, mas fazer o quê.

Pelo menos o meu peru estava preparadíssimo e tava construindo uma arca de noé feita completamente de balas xibiu. Quer dizer, foi aí que eu descobri que Antenor, meu peru, na verdade, era… ELA. SIM, UMA PERUA. Fizemos um pequeno rito de batismo e partimos, Insibayeva e eu, rumo a uma aventura que jamais imaginada.

Salvamos três vira latas, dois hamsters chineses, um panda, o Dé, um minhocossu, dois atendentes do subway e, infelizmente, por mais que tentássemos, não conseguíamos chegar até onde ecoava aquele grito, aquele canto de sereia que aprofundava-se, oferecendo uma desprevenida e despenada periquita numa rede social.

brigada.

Desesperada, já no sétimo dia consecutivo de chuva, com Insibayeva criando um motim e um sindicato das aves natalinas, ameaçando entrar em greve junto com os motoristas e cobradores do sistema transcol, eu tive uma revelação: vá, Tchynna, vá quebrar o seu Britney Jean no alto do Morro do Moreno, faça esse sacrifício, louve meu nome pelas eras e tu serás recompensada. Primeiro eu achei que era uma mensagem do Beto Guedes. Só depois que eu fui perceber, era uma mensagem divina.

A vida é um mistério, todos devem permanecer sozinhos

E lá fui, como Jacó nadando no azeite, tendo o Convento da Penha como testemunha: ali sacrifiquei Isaque, meu Britney Jean adquirido com muito esforço, uma ode eletrônica, conceitual, ao autotune auto-erótico. O transformava em pequenos pedaços de poliestireno quando uma luz fortíssima, que aplacava a ansiedade no meu coração. Foi quando Deus (ou Beto Guedes), falou comigo em seus versículos.

1. Ela não precisou de marketing.
                    E Deus viu que era bom.
2. E lançou dezessete clipes junto com um disco de inéditas.
              E a bichas viram que era o máximo.

SOU CANELA DE FOGO, RETETÉ DE JEOVÁ

BOW DOWN, BITCHES – UMA REVIEW SURPRESA DE UM ÁLBUM SURPRESA

Enquanto as senhoras esperavam à exaustão mais um trailer de Ninfomaníaca, jurando de pés juntos que era apenas amor pela sétima arte e não só cinco horas de piroca numa tela widescreen, Beyoncé simplesmente decidiu fazer mais pela humanidade do que Lars Von Trier transformando minha deliciosa vaginoplastia em leitmotiv do cartaz de seu filme.

Não qual vulva é essa em helvética que ele já viu na vida, porque todas as que eu vi pareciam mais uma bibisfiha de cremely.

Quer dizer, pra quê um filme de cinco horas pras pedantes discutirem horas o destino das imagens na sociedade pós-industrial, Beyoncé achou que era muito mais útil lançar um disco de inéditas e nada menos que DE-ZES-SE-TE videoclipes possivelmente mais relevantes do que tudo o que já havia sido lançado em 2013.

Imagens chocantes do suicídio coletivo das carreiras de Lady Gaga e Christina Aguilera

A melhor parte de tudo isso, no entanto, foram as básicas fãs de Rihanna clamando por justiça social depois que Beyoncé lançou Drunk in Love para fazer frente a chatíssima e insossa Drunk on Love. Quer dizer, vamos falar umas verdades, né? Rihanna só existe porque Queen Bey dormiu de calça jeans um dia da vida e Jay-Z teve que procurar outro lugar para colocar sua Umbrela e esse lugar foi a inóspita carreira de nossa queridíssima Michelli Williams de Barbados.

Mulher burra fica pobre, mas se for inteligente pode até enriquecer.

O comentário mais sensato que vi na internet acerca dessa comparação entre Rihanna e Beyoncé foi uma negra maravilhosa nos lembrando que se Beyoncé quiser, ela pode comprar e vender a Rihanna quantas vezes forem necessárias. Aliás, não é nada demais lembrar que Jay-Z e suas correntes de ouro 24k que financiam a hospedagem do blog e este é único motivo de eu estar falando mal de toda e qualquer cantora pop nessa postagem (longe de mim querer que vocês se matem nos comentários, hackeiem uma o computador da outra e vazem o máximo de fotos constrangedoras da rival antes de terem sequer passado pelo photoshop).

Só não vazem fotos dessas sem-vergonhices de vocês no chat uol, porque se eu ver mais um texto sobre pornografia de revanche (que por si só não é legal, viu, amiguinho) na minha timeline, eu tenho um treco

Após nos ensinar a importância de se ir à praia a noite para evitar os raios UV no clipe de Drunk In Love, com outro de seus cordões, Jay-Z comprou os direitos de American Horror Story e Beyoncé vai substituir Jessica Lange como suprema ainda nesta temporada, fato que é contemplado pelo clipe de Ghost.

Eu acho No Angel uma música belíssima demais pra Beyoncé ter relegado ela a esse clipe que mais parece a gente acidentalmente digitando interracial amateur gay porn no sistema de buscas do Xvideos porque está perdidíssima na síndrome de Estocolmo e se apaixonou por aquele mavambo que roubou seu celular.

quem nunca, né?

Já Partition me deu a melhor ideia do universo: pra que gastar com tratamentos caríssimos a base de um laser fracionado que te deixa a cara daquele chester de natal que sua tia quituteira, aquela que tem uma intricada rede de estrias na pelanca do adeus, decorou com vários cravos-da-índia só pra confundir as papilas gustativas de sua língua?

Já sei exatamente o que fazer neste feriado quando me perguntarem “E as namoradas, Raí?”

Óbvio que já entrei num site chinês e encomendei meu próprio retroprojetor  e já estou providenciando aquelas maravilhosas folhas de transparência devidamente ornadas com motivos étnicos para esconder as pequenas e minúsculas imperfeições do meu corpo na hora do acasalamento.

Beyoncé nos ensina que além de um ventilador, toda bicha precisa imediatamente comprar o seu datashow.

O clipe de Rocket é uma ode em que Beyoncé está serving #chuvasnoes realness, sensualizando no canal Bigossi com essa maravilhosa direção de fotografia de XO nos brinda com essa maravilhosa iluminação trabalha e confia nas cores da bandeira do Espírito Santo.

A maléfica Christina Aguilera destruindo a represa de Capuba com inveja do Espírito Santo ter um lugar especial na discografia da Beyoncé

Aliás, esses dias aqui em casa eu juro que tentei sensualizar na água acumulada, esticando minhas pernas longelíneas como as de um Aedes Aegypti, pegando essa gostosa vibe Erotica que Bey pegou emprestada de Madonna para nos prestar um orgasmo visual e clitoriano tão forte quanto o que consigo com auxílio com o esguicho da mangueirinha da minha ducha gorducha.

obrigada, Beyoncé, pela mais relevante canção de auto-prazer desde Careless Whispers

O maior problema desse disco, na minha opinião, é que quando você menos espera, você tá lá igual a menina pastora gritando todos os adjetivos e louvores diferentes para Beyoncé.

É MARAVILHOSO. CONSELHEIRO. DEUS FORTE. PAI DA ETERNIDADE. 

E PRÍNCIPEEEEEE DA PAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAARGHZ. Quando esta senhora não está na ONU, cantando para fazer toda a humanidade doar alimentos não perecíveis, materiais de higiene, água potável e roupas para os desabrigados de Rio Bananal, ela está, como no clipe de Superpower, liderando a humanidade como uma poderosa e anárquica chefe de uma organização revolucionária. Quer dizer, mais que isso, ela está lá salvando Bárbara Paz da insignificância, eclipsadíssima na novela das nove até pela trama da menina autista, trazendo à tona o seu maravilhoso ensaio como black block.

um dia, tenho certeza que os físicos irão explicar qual a lei de Newton que permite que essa franja de Bárbara Paz sempre esteja exatamente no mesmo lugar.

Generosa, porém superior, Beyoncé nos lembra não só da existência de Bárbara e de seu maravilhoso relacionamento com o Supla na primeira edição da Casa dos Artistas, mas também dá emprego para as antigas amigas de Destiny’s Child que viviam presas num extenso looping de clipes do Nelly e bancadas de shows de talento.

Superpower.

Este foi o momento de maior relevância de Michelli Williams desde que Tammie Brown decidiu não dublar um hit seu na primeira temporada de Rupaul’s Drag Race

Óbvio que a cara de cu de Kelly Rowland é explicada quando ela olha de soslaio (aliás, soslaio só perde pra psicroestesia como melhor palavra da língua portuguesa) ao perceber que dessa maravilhosa barriga negativa saiu uma criança que já fez pelo menos aí uns três a quatro feats mais relevantes do que Dilemma.

cadê a relevância de kelly rowland que estava aqui, Blue? SUMIU.

Aliás, o clipe de Blue é uma coisa fofíssima que se passa no Brasil, uma referência a todos nós que tomávamos maravilhosos sorvetes com gostinho de gordura hidrogenada em pazinhas coloridas e que soltávamos nossos maravilhosos papagaios feitos de sacola plástica do nosso saudoso Dalmery. Na verdade, o que mais me deixa impressionado com Beyoncé em toda a sua videografia é que ela se mistura com as galinhas neste clipe sem medo algum de tomar uma deliciosa carreira e sair rolando como um tatu-bola pelas ladeiras da Pedra da Cebola.

imagem meramente ilustrativa de Tchyna, loiríssima, correndo das comentaristas furiosas deste sítio na internet

Continuando a corrente do bem iniciada por Sônia Abraão quando ela ainda apresentava o Falando Francamente no SBT, Beyoncé também trabalha com Pretty Hurts para denunciar os desmandos de Tyra Banks a frente da octagésima sétima temporada de America’s Next Top Model: MST Invasion.

Aliás, após o clipe de Pretty Hurts já abrimos um ofício junto ao Papa Francisco para canonizar Beyoncé como Madre Tereza de Corumbá, padroeira oficial do feminismo. Quer dizer, com esse clipe babado de Haunted que veio para lacrar o cu das inimigas e destruir carreiras, podemos considerá-la, pelo menos, padroeira da minha bacurinha que nesse instante se encontra em chamas.

yoga fire, yoga flame

YOGA FIRE, YOGA FLAME

A melhor parte de Haunted são aqueles manequins que assustadores que me lembram da melhor matéria já feita pelo G1, sobre a mulher que esbarrou num manequim e foi pedir desculpas na inauguração do primeiro shopping do Acre.

Não recomendaria você olhar para trás agora.

Agora, me joguei no chão com Blow. Olha, não apenas porque é maravilhoso e ensina o Daft Punk a fazer alguma coisa realmente decente depois desse disquinho mixuruca que eles liberaram no início do ano, mas simplesmente por ser uma maravilhosa homenagem a renca de episódios perdidos dessas animações japonesas que causam epilepsia nas crianças.

A coisa que eu mais amo em Yoncé é que ele já começa com uma cena maravilhosa de mamilos entumescidos ornando os seis da figurante sobre o couro como duas bolachas negresco cintilando na merendeira de Blue Ivy enquanto seguranças abrem caminhos para ela chegue em segurança ao parquinho de seu creche.

imagem meramente ilustrativa sobre o uso indiscriminado de grillz no clipe de Yoncé

E a melhor coisa de tudo isso é que eu tenho certeza que esse clipe deve ter custado aí umas duas canelinhas e um pastel de camarão com catupiry na feirinha de Coqueiral de Itaparica pra ser feito e taí fazendo mais requisito do que toda a videografia do grupo Bonecas Gostosas idealizado pela maravilhosa Alessandra Cariucha, nossa eterna garota da laje.

Nicole Prescovia Elikolani Valiente Scherzinger, vulga Alessandra Cariucha

Jealous é Beyoncé admitindo que o meme das inimigas já deu e que as senhoras deveriam imediatamente abandonar esse bordão, sob o risco de se transformar não em uma barata, como Kafka, mas em uma exposição de jovens artistas em um evento midialivrista no centro de Vitória. Aliás, Jealous nos ensina que sim, é possível que até um ser superior, mais próximo de Deus (ou Beto Guedes, não sei a diferença), pode chegar e mandar plotar SUA INVEJA É A VELOCIDADE DO MEU SUCESSO na carroceria do seu fiat 147.

mídia livre é coisa de hétero, porque todo gay sabe que chega uma hora que já não tem mais o que liberar

Mine é uma canção que parece com um hit qualquer do Drake, tem a participação do Drake e como o Drake morreu após aquela canção horrenda chamada Yolo, vou substituir minha crítica por e então você pega um miojo sabor galinha caipira, duas colheres de creme de leite fresco e uma colher de sopa de limão. Cozinhe o miojo conforme as instruções da embalagem. Acrescente o creme de leite fresco e o suco de limão ao macarrão pronto, mexa bem e sirva a seguir

se você chegou até aqui, parabéns, você tem um grau de alfabetização acima da média do pessoal aqui na internet

No minuto em que eu entrei em contato com ***flawless ainda lá no meio do ano, eu já tinha caído de joelhos no chão e telefonado para Deus agradecendo essa canção que já era maravilhosa com esse refrão meio chiclete BOW DOWN, BITCHES e que simplesmente se tornou um hino do feminismo com a inclusão daquele rap gostoso, aquele rap maravilhoso de CHIMAMANDA que por si só já é mais importante que Simone de Beauvoir por seu nome poder ser utilizado como o melhor sinônimo de vulva desde TCHECA.

ralando muito a chimamanda

Heaven me fez chorar mais do que o relato da menina que perdeu seu porquinho da índia afogado no meio da enchente. Na verdade, rolaram mais lágrimas do que as que produzi quando eu era apenas uma bichinha básica, pré-transição, sentada no sofá da avó sofrendo com as cenas mais tristes de Crossroads – Amigas para Sempre.

Um minutinho de silêncio pelo Britney Jean, gente.

Growing Woman é minha música e meu clipe favorito de todo o disco simplesmente porque me dá a possibilidade de ir lá na minha infância, resgatar aquele monte de VHS perdido em que eu mostrava a coreô daquela canção homenagem que Sandy e Junior gravaram para os Power Ranger, obviamente comigo no centro da tela sendo a Kimberly. Mas obviamente esse é um assunto que fica pra depois, pois eu já estou com LER de ter escrito esse texto enorme e só me resta uma coisa a se dizer:

gabrilandia:toma criança safada

UM FELIZ NATAL E UM PRÓSPERO ANO NOVO, SÃO OS VOTOS DE TCHYNNA TURNER

Tem que ter, tem que ter disposição…


As-cariocas

Tenho vários amigos hétero que já me perguntaram como satisfazer uma mulher, achando que existe algum truque ou macete pra esse tipo de coisa. O necessário para satisfazer, não só uma mulher, mas qualquer pessoa, chama-se: disposição. E toda vez que eu venho ao Rio, o que não me falta é disposição! Muito calor, algumas trovoadas, tempo livre e lá vou eu em mais uma das minhas aventuras…

Marquei um encontro via Facebook, afinal, conhecer pessoas nunca é demais. Como eu digo, network. Estava esperando um bolo, mas só ganhei um chá de cadeira. Tomei uma latinha pra dar aquela coragem e eis que ela aparece, toda falante e bem articulada, de início me intimidou. E o que podia fazer?? Precisava de território conhecido e nada como um barzinho pra meu me sentir em casa.

Estávamos sentados no barzinho e o dono do bar não tirava os olhos de mim, depois de duas ou três cervejas, ele se aproxima da mesa e solta: “você não tem 18 anos”. Oi? Como assim? Perguntei se ele queria provas e larguei minha identidade na mesa. Ele pega o documento, sai do bar, atravessa a rua e caminha até chegar num posto policial localizado na esquina. Nem me liguei e continuei entretida na conversa, quando de repente um PM aparece do meu lado! E eu achando que já tinha acontecido de tudo comigo, cinco anos se passaram desde a maioridade e a história sempre se repete.

Depois dessa cena, da vergonha do dono do bar e de algumas gargalhadas, minha disposição gritou novamente: “Será que já te embebedei o suficiente pra você ficar comigo?? E a resposta veio como tapa: “nem precisava disso”. Nessa noite, fiz um tour noturno pelas ruas de um bairro que ainda agora não sei o nome, entretanto isso pouco importa. A chuva veio, o alcool desinibiu e mais uma vez as cariocas botaram banca! Como nos versos cantados pelo Kid Abelha ♪ na rua, na chuva, na fazenda, ou numa casinha de sapê ♪

P.S: Eu não acredito em ativa/passiva, acredito em diversão!

Você não é Césio 137, mas seu brilho me contaminou


Olha, eu percebi que eu tava um pouco desaparecida quando eu me olhei no espelho e vi que tava a cara da Mari Alexandre.

Por onde anda a Mari Alexandre, um beijo para Mari Alexandre.

Olhei para meu rosto calejado pela pouca exposição midiática e me perguntei: morri ou estou na Record? Mas antes que eu fosse condenada a ser protagonista de uma microssérie baseada na bíblia e entrasse naquele looping constrangedor de ter que fazer par romântico com Maurício Mattar, eu resolvi voltar para vocês.

ADOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOORO!

Acontece que eu estava numa cremosa crise alérgica que deixou meu nariz tão constipado que quase tive que transformar a minha perna mecânica na máscara do Kabal, de Mortal Kombat, pra ver se eu conseguia respirar direito. E a melhor parte é que eu tô assim há mais de duas semanas e não melhoro em nada. Quer dizer, descobri hoje que tava tomando um anticoncepcional no lugar do antialérgico.

Está finalmente explicado o porquê de eu ficar dublando You Make Me Feel a Natural Woman na condução para casa durante toda essa semana.

Aliás, teve uma vez que eu confundi meu anticoncepcional com uns dois m&m’s que tavam perdidos na minha necessaire. Sorte que ninguém me come, porque senão eu já tinha parido.

Nessa loteria da vida chamada genética, tenho tanto alelo recessivo que eu sinto que esse símbolo capixaba foi gerado no meu útero.

Mas então, eu estou aqui hoje reunindo o que resta das minhas forças pra falar com vocês de um tema muito importante em nossas vidas, o Lulu. Claro que a galera do deixa disso já pegou seus extintores de incêndio para apagar nossas bacurinhas em chamas com a possibilidade de avisar a todas nossas amigas que aquele desfrutável pedaço de mau caminho te elogia com trechos de canção do Exaltasamba.

Olha, meu amor, vou te dizer uma coisa. Se homem não fosse objeto, a gente não tinha esse estímulo de dar nome pra vibrador.

Já que não posso avaliar o Tatuapu, uma vez que não se reconhece a necessidade de um pequeno pedaço de poliestireno explorador de mucosas ter o seu próprio perfil no Facebook, vou me divertindo avisando a humanidade do recorrente risco de se gastar tempo e energia em conquistar uma pessoa que tem a capacidade de usar tênis com meia preta.

Três meses de trabalhos intensos de jardinagem para deixar sua vulva com uma belíssima cobertura capilar no formato das iniciais do boy pra na Hora H descobrir que ele usa cueca asa delta vermelha.

Gente, vamos combinar. A coisa mais pesada que tem no Lulu é a denúncia de que o boy curte o Romero Brito. É grave: sim. Deveria ser considerado crime hediondo e, portanto, inafiançável: com certeza. Mas, a gente sabe, né. Coisa de hétero. Se essa aplicativo tivesse surgido na mão de alguma bicha venenosa, garanto que ia ter uma área só pra você indicar a cor, pastosidade, viscosidade e volume do cheque passado pela gay avaliada em questão.

Chocante, mas não tão chocante quanto as cenas de amor de Leleco e Muricy em Avenida Brasil.

“Ah, mas não é legal objetificar ninguém, Tchynna”. Até que eu concordo, mas o Lulu tem uma vantagem sensacional: ele simplesmente rotula e classifica exatamente quem geralmente costuma ser o fio da balança para se rotular, classificar e separar as pessoas, veja que legal. Acho que não vejo homens cisgêneros e heterossexuais sendo objetificados, veja bem, desde a Convenção das Bruxas de 1922, quando eu e minhas amigas invadimos a Semana de Arte Moderna e transformamos Oswald de Andrade no Abaporu.

O que importa, gente, é a beleza interior.

Aliás, queria agradecer muito as pessoas que contribuem para que a internet seja um grande desafio de pegar jacaré numa enorme pororoca de chorume, porque já criaram um que os homens avaliam as mulheres. O que eu tenho pra falar sobre isso? Tá feio, tá escroto, tá pior do que o remake de Guerra dos Sexos. Hétero não entende nada de vingança.

Garanto que se aquela menina de Revenge, a Emily Thorne, fosse lésbica, o seriado ia ser bem mais legal.

Enquanto vocês se matam aí nos comentários porque, claro, viado adora uma polêmica, eu vou continuar aqui no meu cursinho de programação por correspondência do Instituto Brasileiro pra ver se a gente adianta o nosso lado e cria aquela versão do aplicativo para o universo homossexual.

Vai ser tanta discórdia que o aplicativo rapidamente vai se tornar um infalível método de controle populacional.

PS.: Não tenho nada contra os héteros, tenho até amigos que são. Não é preconceito, é só minha opinião. :*

A ética: onde está?


Existem regras, acordos tácitos, entre nós gays que deveriam sempre ser respeitados. O gay  tem suas coisinhas, seus espaços, que deveriam ser preservados sempre por outros gays. Existe uma ética!!!

Me explico. Esses dias dei uma festinha aqui em casa, coisa fina, jantarzinho e tal. Entre as pessoas algumas bichas que estavam fervidas e doidas para ir a boate. E foram.

Quando terminou a festa meu companheiro veio me falar: “Acho que fulano fez a chuca aqui em casa”. “O QUE?!”. Fiquei indignado, uma falta de respeito!

Agarrei ódio na bicha. Como assim ela vem na casa da gente e usa a NOSSA chuca?! Não, gente, não é egoísmo, não é falta de fraternidade com as irmãs. É questão de higiene! Sabe-se lá onde andou o edí daquela gay. Esquistossomose taí, mona! Passei o dia todo faxinando a chuca: deixei de molho na Q’Boa, esfreguei BEM com bucha de pelos duros e passei álcool em gel bactericida. Deixei tudo higienizado. A chuca parece que é nova. Mas a revolta ficou: não dá pra deixar o coração de molho.

A chuca de uma bicha é sagrada!

Sei que fazer chuca fora de casa sempre é o maior problema do viado (a chuca de garrafa pet taí como prova), mas há um acordão entre nós de manter o espaço prioritário da bicha dona da casa, né? Eu já sofri muito com chuca fora de casa, sempre tenho medo de pegar uma super bactéria que coma meu edí todinho fazendo ele virar uma enorme cratera gangrenada. Uma vez, num hotel, tentei retirar o chuveirinho para usar só a mangueira e inundei o banheiro do hotel todinho, mor mico, tive que chamar o boy para me ajudar, desligar a água todo do quarto e o escambau. Só depois pensei que deve ser mais seguro usar com o chuveirinho essas chucas “públicas”, pois toda bee deve ter a mesma ideia, tirar o chuveirinho e ninguém usa com. Sei lá! Apesar de que tem cada louca no mundo, né… O vinhádo que veio aqui em casa taí para provar que não estou mentindo.

Como lidar?

Não existe mulher feia, existe mulher que não conhece os produtos Jequiti


Aproveitando que todas estão chorando os seus mortos neste dia de Finados, estou aqui acendendo uma vela para a minha dignidade. Quer dizer, minha dignidade se foi há tanto tempo que se eu for mandar rezar uma missa pra ela, o máximo que vou conseguir fazer é um ritual Wicca.

Última vez que vi minha dignidade: 1293.

Na verdade, chegou um momento na minha vida que eu não sei o que eu faço primeiro nesse feriado: choro pela minha dignidade que se foi ou velo a minha vida sexual que terminou ali junto com a escadinha do Centenário.

A primeira vez que eu fui na Antimofo praticamente me senti uma versão travesti da irmã do Doug Funnie

Eu acho, até hoje, que aquela escada era a responsável pela atual epidemia de viadice que vive o Espírito Santo. Era tão fácil prevenir, era só colocar um dispenser de álcool gel ali, instruir as pessoas e pronto. Mas é tudo isso que eu lembro porque, querida, quando eu tive meu último orgasmo clitoriano, a gente ainda gemia em latim.

dans sextarium antiquae Romae

Com a derrocada de minha vida amorosa, e consequentemente da minha vida sexual, eu passei a me relacionar só com gente feia. Claro, porque enquanto gente bonita faz cu doce, gente feia simplesmente faz a chuca. E dá.

É bom sempre ter cuidado ao namorar uma pessoa feia para não acharem que é animal de estimação.

Eu vou te dizer: eu criei uma quedinha por homem feio. Me encanta aquele sorrisinho que esconde por trás uma tragédia nuclear de Fukushima, aquele rostinho sofrido de quem aprendeu a andar com três meses de idade porque era tão feio, tão feio que ninguém queria pegar no colo. E, principalmente, há um grande motivo por essa guinada na minha vida: sexo, para gente feia, é igual o cometa Halley. Se você perder a oportunidade, minha filha, outra igual só daqui a a 76 anos.

Meu atual padrão de beleza: crococá

Então, querida, pare de correr atrás daquela pessoa bonita que nunca vai te dar bola. Primeiro, porque com o advento da internet, se aquela pessoa for realmente bonita, vai ter pelo menos uma foto dela escancarando as suas intimidades por aí pra você satisfazer sua vontade. Comece agora a olhar com carinho para aquele ser que tá ali, no cantinho da balada, escondido nas sombras. Você vai encontrar alguém com o coração e muitas outras coisas abertas para você.

Liberando a rola.

E você, minha amiga que é feia, você que já pensou em ir na Porta da Esperança pedir uma plástica pro Sílvio Santos: valorize-se. Você pode não estar no topo da cadeia alimentar, amiga, mas saiba que quem está na base é sempre comida primeiro.

Não está fácil para ninguém!


Em algum muro de Vitorinha… [solta a trilha]

cartazEstá vendo, vinhádo, não está fácil para ninguém… Não sei o que amar mais, a atitude do boy em plena era das tecnologias digitais apelar pro cartazinho no muro colocando duas opções de operadora para facilitar para as pretendentes ou a beesha gaiata que se ofereceu escrevendo em cima.  A concorrência está pesada!

“Sou mulher!”