Eu acho que viado tinha que ter desconto em companhia aérea, porque a medida que mais interessa a nós não são centímetros de piroca, mas a quantos quilômetros a piroca desejada está da gente. E assim, eu fui passar a virada de ano acompanhando um boy hipster, desses que cortam o cabelo colocando a cabeça no liquidificador, num barzinho imundo da Liberdade. Não que ele valesse muita coisa, é que ele só me disse uma palavrinha mágica: ka-ra-o-kê.

não há nada que me deixe com os mamilos entumescidos mais do que a palavra “karaokê”
Quando ele me falou isso, não pensei duas vezes na quantidade de quilômetros ou de parcelas no meu cartão: joguei a minha edição especial da Nova sobre os cinquenta tons de calcinhas champange que iam fazer sua chimamanga ter uma espumante virada de ano e saí correndo em direção à rodoviária voadora de Vitória tão rápido que até me esqueci deste pequeno acessório indispensável para algumas notinhas no Ego.

Nenhuma calcinha, porém duas perucas que a gente nunca sabe quando vai precisar, não é mesmo?
Chegando lá, minhas amiguinhas, só pensava naquele cardápio musical e já me deliciava com aquelas páginas tão grudadinhas quanto as da minha edição especial da G Magazine com um encarte especial do Vampeta. Enquanto eu me decidia se encarnava Dira Paes e me jogava numa canção de Alcione ou se prestava um tributo à música pop saindo de dentro de um bolo cantando Too Little, Too Late, uma senhoria de meia idade passou na minha frente, agarrou aquele microfone de forma fálica e já engatou nada mais, nada menos que… E.VA.NES.CEN.SE

BRIIIIIIIIIIIIING ME TO LIFEEEEEEE
Naquele momento, fui carregada diretamente para minha adolescência, bebendo sangue e tomando benflogim no píer do Shopping Vitória.
Óbvio que não pensei duas vezes e iniciei um dueto com aquela mulher misteriosa, tão cubista quanto um pokémon, que terminou num delicioso beijo molhado entre vaias e aplausos de uma platéia composta por traficantes de órgãos, donos de pastelaria, três power ranges e o Yudi.

não à toa, já apelidei um namorado com gengivite de Sharon Needles
Na hora que desci do palco, um amigo do boy praticamente fez uma cena, quis levantar, quis ir embora, não queria estar ~exposto daquela maneira que eu e minha perna mecânica fizemos. Gente, faz um favor. Sabe por que viado ama música, adora ficar com dor de garganta pra poder virar a Ana Carolina? Música é expressão e nesse mundo tão chato, tão cheio de bichinha com não me toques, é em cima desse palco gostoso que você pode mandar seu gênero, seu peso, sua cor, sua idade, dois hambúrgueres, queijo, molho especial, cebola, picles e um pão com gergelim às favas e ser nada menos do que você.

no outro dia, a gente pode até acordar com uma ressaca daquelas, pedir água, bate pezinho, mas esse papo de ressaca moral por dar show em cima na bancada é mó caô
Todo mundo deveria descer mais do salto, subir em cima da mesa, inventar a própria coreografia até para jingle de campanha política. Sabe, viado que canta, os males espanta. Não tenha medo do mico, amiguinha, porque você já está em cima do palco: as atenções se voltam pra quem é extraordinário, pra quem quebra a expectativa das tias e das namoradinhas, dos colegas do trabalho e suas piadinhas sem graça. O show é seu, minha amiguinha. Pára de ser chata e vá em frente.

requebra, requebra, requebra, aí sim, pode falar, pode rir de mim
Eu mesma fui. E fui de novo. Dei show. Se tem uma coisa que eu aprendi, meu amor, é que quando a vida te faz dublar pela sua vida, é melhor você não fuder com isso tudo pra cima. Afinal, se você não pode amar a você mesma, como quer amar a mais alguém. Posso ouvir um amém?
E só posso dizer, arrasei no Per Amore, viu.
Desculpa se eu desafinei um pouquinho. E você, amiguinha, se chegasse a sua hora de dublar pela sua vida, qual a música que você escolheria? Aproveita aí os comentários e se joga. Quem sabe a gente não faz um dueto no 20Cantar?
kkkkkkkkkkkk ameeei, mesmo achando q tenha participação da Max, ameeei
eu sou tipo uma amoeba que nasceu quando max repartiu sua personalidade e tomou uma forma própria
Ela nasceu da espuma que se formou quando eu dei minha última gozada no mar antes da castração química dos hormônios femininos.
de alguns mililitros saiu eu, de outros um disco da Kylie Minogue
de alguns mililitros saiu eu, de outros um disco da Kylie Minogue
Sambou
Texto Lindo.
Amei o texto, Tchynna.
Já pode ser pastora no “fala que eu te escuto”. Estarei atento vendo sua pregação na madrugada.
E sobre as bichas mal resolvidas, fico besta nas boates, como tem viado que ficam de braços cruzados. Música tocando, bebida cara, mas disponível. E os viados parados, com cara que estão usando supositório de limão com menta.
Chega ser deprimente.
Quero fazer carão no palco,cantando demoníaca de Bethânia
Solta o som!.
Me muero con La Vie en Rose, é tudo para cantar.
aike tudo, phina vc heim bee <3<3
Perdoname, mi amor. C’est la vie!! Bjus
Me abraça encontrei alguém para compartilhar minha paixão pela Edith, Je meurs avec Je Ne Veux Pas Travailler ♥♥♥♥
Nada me cansa mais que esse povo “não vim aqui pra ser tão exposto desta forma. Vou embora agora” aí pega a baldeação na Sé pra linha vermelha e dirige-se ao extremo leste de SP enquanto usa seu 3G tim para destilar reclamações no status do facebook entre uma estação e outra.
ME POUPA, VIADO. ME POUPA!
Eu na balada quando toca Lady Gaga sou mais drag queen que azgay tudo lá dentro. Faço um dueto com meu irmão e fazemos performances com muito carão entre um refrão e outro e não saio de lá menos homem.
Parece até que vivemos na geração “tudo afeta meu glamour”. Meu cu. Tem um karaokê no Tatuapé que é tendência, gata. Quando voltar avise-me em um post e vamos causar juntos :*
Sarah, mulher, já viu esse programa da band que a bicha escolha um pretendente entre 10? Puro show de preconceito das mais diversas formas e tratando o afeminado como fase e ridículo
Quero post já!!!
Graças a deus não hahaha
Adorei o texto! ❤
Karaokê ❤
antes de tudo, Tchyna amei o texto! de verdade! adoro vc escrevendo, vc escrevendo me representa! … e eu me pego tentando entender a mim e as demais beys, quase todas, pelo amor que a maioria tem pela música, por ouvir, cantar, interpretar a música enquanto canta, dançar. Sou daquele tipo que anda pela rua se sentindo em clipes, as vezes criando situações para fazer o ” clipe” ficar perfeito, em alguns momentos, quase tudo que eu quero expressar, seria facilmente expressado com uma música, as vezes para desabafar, perder a linha, botar pra fora o que sinto, entro no banheiro com minha “caixinha de som” ( SQN , é uma big caixa de som) e canto ali aquilo que esta agarrado na minha garganta ( aposto que meia dúzia, ou todos, pensaram besteira), e arranco a voz do “útero” ,canto com a alma! saio dali novo, disposto a botar a cara para bater e encarar o que quer que venha, os vizinhos? não se incomode, no apê embaixo do meu há um estúdio de música e as vezes eles ficam tocando até tarde de Beattles a Black Eyed Peas, claro que já desci e dei o meu ar da graça por ali , especialmente num dia que quanto começou Back to Black da Ammy, não aguentei, desci furiosamente, peguei o microfone da mão da gatchynhan que tentava cantar , e canteeeeei, e só depois me apresentei para os demais, tava rolando uma social e por incrível que pareça eles adoraram essa atitude de Diva minha, até porque acho que naquele momento Ammy encostou em mim porque eu nunca cantei/cantarei essa música tão bem quanto naquele momento, a amizade com os vizinhos se estreitou a partir disso, e então as vezes rola uma socialzinha dextax e eu me acabo, ou seja , eu quase tenho um Karaokê particular, amo Karaokê, nunca dei o ar da graça no 20cantar, mas vou aparecer lá dia desses, na esperança de encontrar a Diva Sarah Perderzini. smack povo do blog!